Quarta-feira, 03.08.11

O submundo do óleo usado. 40% entra nos circuitos da candonga

por Marta F. Reis, Publicado em 02 de Agosto de 2011  |  Actualizado há 10 horas | http://www.ionline.pt/conteudo/140752-o-submundo-do-oleo-usado-40-entra-nos-circuitos-da-candonga

Até ao final do ano os munícipios devem ter entre oito e 40 pontos de recolha. Mas quem recolhe?

Começa por ser uma história sobre reciclagem de óleo usado, mas acaba por se revelar um submundo onde há ladrões de oleões, queixas-crime, unidades de produção ilegais e biocombustível a ser comprado livre de impostos, directamente por proprietários de postos de gasolina. 
Em 2010, no sector doméstico, recolheram-se 16 853 toneladas de óleos alimentares usados. Só não ir parar à rede de esgotos significa livrar da poluição qualquer coisa como 18 milhões de litros de água. Outra leitura, revelou ontem ao i um proprietário de uma das primeiras empresas no sector, no Norte do país, é pensar no que rende este mesmo óleo no "mercado clandestino". M. M., que prefere manter o anonimato, diz que 30% a 40% estará nas mãos de "candongueiros com e sem alvará". Vendido como biocombustível, tratado ou por tratar, vale em média 600 euros a tonelada, menos de metade do preço do gasóleo. Num ano são 4 milhões de euros.
M. M. foi abordado pela última vez há 15 dias pelo proprietário de uma bomba de gasolina numa aldeia a 50 quilómetros do Porto. "Comprava-me uma tonelada de biodiesel por 800 euros. Chegou aqui com um tractor agrícola e era só carregar. Sem recibos sem nada." Recusou. "É um risco muito grande, temos 30 empregados, nome a manter. Mas às vezes dá vontade de aceitar, é uma revolta muito grande."
A reciclagem do óleo usado começou a ser formalizada em Setembro de 2009, com o Decreto-Lei 267/2009. A legislação diz que a reciclagem, "concretamente para produção de biocombustível, constitui uma importante mais-valia no actual contexto das políticas energéticas nacional e comunitária". Para M. M., estes propósitos revelaram-se um fracasso. "Hoje em dia, o óleo usado em Portugal é para falcatruas. Existe roubo de óleo por operadores licenciados e não licenciados, há carrinhas identificadas que roubam óleo a outras empresas. Nos oleões de rua o que temos é uma promiscuidade", acusa. Também um representante da Óleotorres, há 30 anos neste sector, diz ao ique a situação tem vindo a degradar-se. "Perdemos diariamente mil euros em óleo roubado. Já foram instauradas queixas-crime mas acaba por não haver resposta das autoridades. Estamos a falar muitas vezes de casos em que as empresas até podem ser licenciadas mas andam a roubar por trás, usam o nosso nome, os nossos contentores."
É António Pereira, director da empresa de recolha Biosys, quem alerta o i para o problema. Fazem a recolha de 30 oleões em Cascais. Desde Setembro perderam 40% da quota de mercado, diz. "Já tivemos situações de vir recolher e apanhar os contentores vazios ou não haver contentores." Em Fevereiro, num ponto de recolha em Tires, foi questionado por uma funcionária sobre a razão por que vinha recolher duas vezes no mesmo dia. "Ligámos para o número que a empresa até tinha deixado, alegando ser a nossa, e dissemos ao homem que voltasse para trás para recolher mais óleo. Quando o confrontei pegou no carro e fugiu." Nos acordos com as câmaras, a Biosys oferece o sistema de recolha e manutenção dos oleões - de implementação obrigatória até ao final do ano em todos os municípios. Em troca recebe a matéria-prima, que vende a 38 cêntimos o litro. "Quem rouba anda a vender a 20/25 cêntimos." 
É na requalificação para biodiesel que o óleo se torna mais apetecível, sobretudo com o aumento dos preços do petróleo. M. M. diz que este destino é quase o único no país. Aqui surge outro obstáculo: "Em Portugal a produção não é viável, só para autoconsumo: por exemplo para quem tenha camiões." Em Espanha, diz, consegue-se um rendimento três vezes superior. Rende exportar a matéria-prima ou então forjar a transformação e escapar aos impostos, acusa. E pelo meio deitar a mão a todo o óleo que aparece. "No Norte há uma unidade de transformação instalada num camião TIR." O representante da Óleotorres também reconhece que há unidades de produção ilegais, mas diz que a "pirataria" abrange todo o ciclo de valorização. "Devia haver fiscalização de todas as empresas licenciadas, da recolha ao destino final. Quando alguém chega a um restaurante e diz que é da Óleotorres naturalmente as pessoas acreditam. Só acontece porque há quem compre."

publicado por p3es às 01:22 link do post | comentar | favorito
Quarta-feira, 13.04.11

Concurso Pedalar XXI



O Concurso Escolar “Pedalar XXI” 
promovido pelo Cicloria (http://cicloria.org.pt ), da iniciativa das autarquias de Murtosa, Ovar e Estarreja e Universidade de Aveiro, tem como objectivo promover a utilização da Bicicleta como meio de deslocação suave em curtas distâncias, através do desenvolvimento de projectos escolares que apliquem os princípios relacionados com mobilidade sustentável, valorização do território, estilos de vida saudável e segurança rodoviária.
O concurso é dirigido a alunos do 3.º ciclo do ensino básico e ensino secundário e pretende estimular promover formas de mobilidade casa - escola mais sustentáveis, saudáveis e atractivas, assim como o gosto pela experimentação, conhecimento do território e novos hábitos de cidadania. Desta forma, apela-se à participação da comunidade escolar neste concurso, através do desenvolvimento de projectos inovadores, criativos e colaborativos, isto é os projectos a desenvolver deverão promover, na medida do possível, o envolvimento de toda a comunidade escolar e local.
Serão estabelecidas duas categorias de concurso, que irão corresponder aos seguintes níveis de ensino:

Categoria
A – 3º CEB Categoria
B – Ensino Secundário


Categoria A – 3º Ciclo do Ensino Básico
Pretende-se que os concorrentes avaliem a Pegada Ecológica da escola e elaborem uma carta de intenções, com vista à melhoria da Pegada Ecológica no que se refere à secção da mobilidade.

Categoria B – Ensino Secundário
Pretende-se que os concorrentes efectuem um percurso de bicicleta (casa escola ou escola - local público), identificando os obstáculos e/ou facilidades encontradas ao longo do percurso. Este percurso deverá ser registado em vídeo e/ou fotografia e comentado pelos alunos enfatizando os seus aspectos mais relevantes.

Documentos
Para fazer o download do Regulamento do concurso Pedalar XXI, clique aqui:
Para fazer download da Ficha de Inscrição, clique aqui
Para fazer download do Cartaz do Concurso Pedalar XXI, clique aqui:

Calendário

Inscrições – até 10 de Abril
Envio dos trabalhos candidatos a concurso – até 23 de Maio
Divulgação dos trabalhos premiados – até 27 de Maio
Cerimónia de entrega de prémios – 5 de Junho

Prémios
(a anunciar em breve -http://cicloria.org.pt)

Para mais informações visite http://cicloria.org.pt ou http://www.facebook.com/CicloRia 
ou contactar 
Dr. ª Sara Marques:
Tel: + 351 234 372 499
E-mail: srita@ua.pt
 
Quarta-feira, 23.02.11

Brasil: Bicicleta é alternativa para chegar à sala de aula

(In Menos um carro, 2011.02.23)

Os estudantes brasileiros vão poder contar com mais um meio de transporte para se deslocarem até à escola: a bicicleta. A iniciativa insere-se no programa “Caminho da Escola”, desenvolvido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e tem como objectivo melhorar a mobilidade dos estudantes e reduzir o abandono escolar.

 

De acordo com o site brasileiro Guia do Estudante, até ao início de Fevereiro, o projecto já contava com a adesão de nove municípios brasileiros, totalizando o pedido de 1.130 bicicletas.

“Para além de beneficiar os estudantes que moram em localidades onde os autocarros escolares não conseguem chegar ou os estudantes que acabam por esperar muito tempo pelo transporte rodoviário, o programa visa ainda melhorar a qualidade de vida dos estudantes e o ambiente”, explicou o FNDE.

Assim, o Ministério da Educação brasileiro, através do FNDE, oferece aos estados, municípios e Distrito Federal a possibilidade de adquirirem bicicletas escolares a preços atractivos.

De salientar que o programa "Caminho da Escola" foi criado em 2007 com o objectivo de renovar a frota de veículos escolares, garantir segurança e qualidade ao transporte dos estudantes e contribuir para a redução do abandono escolar.

Estudos realizados pelo FNDE concluíram que a disponibilização de bicicletas aos estudantes poderá reduzir o esforço das crianças em percorrer distâncias diárias de três a 15 km, para chegarem à escola ou ao autocarro escolar.

Pode saber mais sobre esta iniciativa no site do FNDE.

publicado por p3es às 12:21 link do post | comentar | favorito
Terça-feira, 15.02.11

Ciclovia na Holanda vai gerar energia solar

De acordo com o site "Menos um carro", que por sua vez cita o site News on Green, «Para promover a utilização da bicicleta e reduzir as emissões de CO2 para a atmosfera, a cidade de Krommenie, na Holanda, irá contar, a partir de 2012, com uma ciclovia capaz de gerar energia solar.

SolaRoad de Krommenie

O projecto denominado SolaRoad foi desenvolvido pela Organização Holandesa de Pesquisa Científica Aplicada (TNO), em parceria com a empresa de tecnologiaImtech, e deverá ser implementado em 2012 na cidade de Krommenie, no norte da Holanda.

Com 10 km de comprimento, a ciclovia será coberta por uma camada de células solares de silício e o sistema gerador será protegido por uma placa de vidro resistente, de forma a suportar o peso até de um camião.

Segundo os impulsionadores deste projecto, o objectivo é que o SolaRoad gere 50 kWh por metro quadrado ao longo do ano, valor que deve ser suficiente para abastecer a iluminação das ruas próximas à ciclovia e os semáforos.

Além disso, a energia excedente poderá ser aproveitada para uso doméstico. A TNO destaca ainda que esta iniciativa, que se insere no programa de energia renovável holandês, poderá, no futuro, ser implantado em toda a rede rodoviária do país.

Saiba mais sobre este projecto no site da TNO


 

Se resultar, que tal reivindicar o mesmo para Paços de Ferreira? 


 

Terça-feira, 08.02.11

O carregador único para telemóveis está a chegar à Europa

08.02.2011 - 14:50 Por Susana Almeida Ribeiro, in Público Tecnologia

Já aconteceu a toda a gente: estamos no escritório, o telemóvel apita continuamente avisando que a bateria precisa de ser recarregada, e não há ninguém que nos valha. Cada marca (e, muitas vezes, diferentes modelos da mesma marca) de telemóveis usa o seu próprio carregador. Soube-se hoje, porém, que estes dias de incompatibilidade estão para acabar.

O carregador único, mostrado na cerimónia desta terça-feira (Francois Lenoir/Reuters)

Há vários anos que a Comissão Europeia tem vindo a defender a ideia simples de um carregador comum compatível com telemóveis de todas as marcas. Finalmente isso está prestes a transformar-se em realidade, graças a um acordo de cooperação selado entre 14 fabricantes mundiais de telemóveis e a Comissão.

De acordo com um comunicado divulgado pela Comissão Europeia, o vice-presidente da Comissão, Antonio Tajani, recebeu hoje das mãos de Bridget Cosgrave, directora-geral da DIGITALEUROPE - a maior associação europeia de tecnologia digital - um exemplar de um carregador universal compatível para telemóveis.
A incompatibilidade dos carregadores de telemóveis não apenas provoca inconveniências para os utilizadores, como constitui, na União Europeia, uma importante questão do ponto de vista ambiental. Os utilizadores que pretendem substituir os seus telemóveis vêem-se, muitas vezes, obrigados a comprar novo carregador, independentemente do estado em que se encontra aquele que já têm.
“Congratulo-me com a apresentação do novo carregador de telemóveis com base na norma da UE, pelo que representa em termos de diminuição de custos. São boas notícias para os consumidores europeus que hoje anunciamos. Aguardamos agora que o novo carregador e os telemóveis compatíveis cheguem às lojas. Insto aqui a indústria a acelerar a sua introdução no mercado, de modo a que os cidadãos de toda a UE possam tirar partido do carregador universal o mais rapidamente possível”, afirmou Antonio Tajani, Vice-Presidente da Comissão e comissário responsável pela Indústria e pelo Empreendedorismo.
No comunicado da Comissão fica igualmente a saber-se que a UE trabalhará com a indústria de modo a que os consumidores europeus possam tirar proveito desta iniciativa “o mais rapidamente possível”. O mais provável é que isto venha a acontecer ainda este ano.
Os 14 fabricantes de telemóveis (Apple, Emblaze Mobile, Huawei Technologies, LGE, Motorola Mobility, NEC, Nokia, Qualcomm, Research In Motion - RIM, Samsung, Sony Ericsson, TCT Mobile - ALCATEL mobile phones, Texas Instruments e Atmel) podem agora avançar com o desenho pretendido e testar as alterações aos carregadores. A solução comum encontrada assente na tecnologia micro-USB. Para os telemóveis que não dispõem de uma interface micro-USB, o memorando de entendimento prevê um adaptador, indica ainda o comunicado da Comissão. O acordo abrange igualmente smartphones.
A campanha europeia está disponível no site One Charger For All.

Terça-feira, 04.01.11

Água canalizada versus engarrafada

Algumas cidades vetam venda de plástico

2011-01-03, CiênciaHoje, http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=46760&op=all


As maiores críticas recaem sobre o facto de milhares de toneladas de plástico serem consumidas para produzir embalagens e muitas emissões de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera serem feitas durante o transporte.

Nos Estados Unidos, por exemplo, Jean Hill, um activista de 82 anos convenceu os vizinhos e dirigentes municipais de Concord a votar contra a venda de água engarrafa na cidade. O movimento foi rapidamente aplaudido por ambientalistas, que propuseram disseminar a ideia no Estado e até em todo o país. No entanto, restam dúvidas sobre a legalidade da medida, já que pode constituir um atentado à liberdade de comércio ser rejeita a ir a tribunais, caso os fabricantes assim o decidam.
Um artigo do «Bosto Globe» observou que a indústria já demonstrou resistência e executivos do sector reagiram argumentando que a medida pode levar as pessoas a beber menos água, o que é prejudicial para a saúde e é injusto condenar apenas um produto, quando muitos outros geram resíduos plásticos. Mesmo assim, mais de cem cidades norte-americanas reduziram a compra da garrafa. A cidade australiana de Bundanoon também decidiu vetar a venda.
Em Portugal, os Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento facultam relatórios baseados em estudos laboratoriais sobre o controlo da qualidade da água de consumo humano, com resumo estatístico dos resultados obtidos em torneiras de consumidores sobre o tratamento e análise de águas potáveis.
Os Estados Unidos são dos países que mais optam pela garrafa (26 milhares de litros), mas logo a seguir – refere um estudo publicado pelo Earth Policy Institute –, estão os mexicanos (18 milhares) e os chineses e brasileiros (com 12 milhares). Na Europa, os italianos conseguem ultrapassar os americanos, com 184 litros por ano e por pessoa.
Os mais cépticos desconfiam de restos de substâncias medicamentosas ou outras nas canalizações. Como alternativa, há ainda quem opte por filtros e purificadores de água domésticos. A venda destes dispositivos aumentou a partir de 2009.
Uma garrafa de água pode sair cem a 200 vezes mais cara do que a da rede, nalguns países. A reciclagem é o método mais sustentável para lidar com o consumo do plástico, mas determinados países não têm estruturas próprias para a fazerem.
Muitas garrafas vazias são exportadas e tratadas noutros países, como na China, por exemplo. A água canalizada permite economizar pelo menos dez quilos em substâncias poluentes. Mas algumas empresas de águas avançam que apostam em eco-embalagens e afirmam investir para tentar atingir 50 por cento de PET de embalagens recicladas.
publicado por p3es às 22:05 link do post | comentar | favorito
Sexta-feira, 31.12.10

Itália proíbe sacos de plástico para compras a partir de 1 de Janeiro

Os sacos de plástico serão banidos das lojas e supermercados italianos a partir de 1 de Janeiro, uma medida pioneira num país que consome um quarto dos cem mil milhões de sacos gastos anualmente na Europa.

Cada italiano usa anualmente mais de 330 sacos de plástico, a maioria importados de países asiáticos como a China, Tailândia e Malásia. Este número já valeu à Itália um dos lugares cimeiros na lista europeia dos maiores consumidores de sacos de plástico. De acordo com os ambientalistas, são necessários pelo menos 200 anos até um saco de plástico se decompor.
Mas a partir de 1 de Janeiro, esta dependência passa a ser mais sustentável, com a aposta nos sacos biodegradáveis ou em papel, através de uma campanha de sensibilização promovida pelo Governo e empresas de distribuição. A medida foi confirmada pelo Conselho de Ministros italiano.
“Esta é uma grande inovação que marca um passo em frente fundamental na luta contra a poluição e que nos torna mais responsáveis em matéria de reciclagem”, comentou a ministra do Ambiente Stefania Prestigiacomo, citada pela agência AFP.
As organizações de defesa do Ambiente, que na verdade esperavam um adiamento da aplicação da proibição, saudaram a decisão governamental. A indústria dos plásticos ainda exerceu pressão junto das autoridades para adiar a entrada em vigor da nova regulamentação.
Outros países europeus experimentam soluções para reduzir o uso de sacos de plástico. A 15 de Dezembro, o Parlamento português aprovou um projecto de lei do PSD que estabelece uma redução de 90 por cento no fornecimento de sacos nos supermercados até 2016, e um outro do PS para aplicar um "sistema de desconto mínimo" no valor de pelo menos cinco cêntimos por cada cinco euros de compras a quem prescinda totalmente dos sacos de plástico fornecidos gratuitamente pela superfície comercial. Foi rejeitado um projecto de resolução do BE para interdição em 2015 do uso de sacos de plástico nas "grandes superfícies comerciais", excluindo os biodegradáveis.

(In http://www.publico.pt/Sociedade/italia-proibe-sacos-de-plastico-para-compras-a-partir-de-1-de-janeiro_1473092, 30.12.2010 - 18:22)

publicado por p3es às 13:18 link do post | comentar | favorito
Terça-feira, 28.12.10

Em 2010: aprendemos que salvar o planeta é mais difícil do que se imaginava

Os fracassos mais evidentes da década revelam os seus próprios porquês. Vencer, por exemplo, o desafio das alterações climáticas e da biodiversidade - dois problemas com vastas implicações sobre o planeta - implica mudar o paradigma da sociedade.

A década de 1980 foi a do susto. A década de 1990 foi a da reacção. A década que agora termina é a do desengano. Aprendemos, em dez anos, que não é nada fácil salvar o planeta das suas maiores ameaças.
Por um momento na história recente, pareceu o contrário. Quando se consolidou, há 30 anos, a noção de que o mundo sofria de sérias enfermidades globais - desflorestação, perda de biodiversidade, alterações climáticas, buraco na camada de ozono - a sua mera consciência transmitia um sinal de que as soluções estavam ao nosso alcance. E, em poucos anos, muitos caminhos tomaram forma. Firmaram-se, por exemplo, tratados internacionais promissores para as principais áreas. A preocupação colectiva sublimou numa ideia única, a do desenvolvimento sustentável, que mereceu uma vasta conferência internacional em 1992, no Rio de Janeiro. Aquele era o rumo, quase todos estavam de acordo.
Mas o que parecia simples afinal não era. Dez anos depois, em 2002, pouco se avançara e uma megacimeira mundial, em Joanesburgo, tentou dar um impulso maior ao ideal de um mundo sustentável. Os resultados foram um plano de acção de difícil aplicabilidade prática e uma branda declaração política. Hoje, poucos se recordarão do que ali ficou decidido.
Em termos de obstáculos, talvez o maior exemplo da década esteja no aquecimento global. O problema assumira maior relevância pública no fim da década de 1980. A reacção inicial foi célere. Em 1990, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) publicou o primeiro relatório. Em 1992, foi assinada uma convenção da ONU sobre o tema. Em 1997, surgiu o Protocolo de Quioto, que atribuiu aos países ricos a tarefa de reduzir as suas emissões de CO2.
Desde há dez anos, porém, tem havido mais tropeços do que avanços. O acordo só entrou em vigor em 2005, sem os Estados Unidos, que o rejeitou em 2001. E agora, às vésperas de expirar, não há consenso sobre o seu sucessor, apesar de anos de intermináveis negociações.
O clima, entretanto, está a mudar. Este mês, a Organização Meteorológica Mundial anunciou que 2010 poderá ser o ano mais quente desde que começou a haver medições fiáveis com termómetros, há um século e meio. O mesmo vale para a década 2001-2010 como um todo.
E a concentração de CO2 na atmosfera - que mantém a Terra quente - subiu de 369 partes por milhão (ppm) em 2000 para 389 ppm agora, segundo a NOAA, a agência norte-americana para os oceanos e a atmosfera. Muitos cientistas defendem que o ideal, para evitar consequências catastróficas, seria 350 ppm.
Na biodiversidade, o saldo também não é auspicioso. Há hoje pelo menos 18 351 espécies em risco de extinção, segundo dados da União Internacional para a Conservação da Natureza. Em 2000, eram 11 046. A evolução negativa pode ser parcialmente explicada por um melhor conhecimento do universo dos animais e plantas em perigo. Mas a ONU admite que o ritmo de extinções não está a abrandar, contrariando uma meta imposta em 2002 para ser cumprida até 2010.
Naturalmente, há sucessos. As "novas" energias renováveis chegaram para ficar. Portugal, que praticamente não tinha parques eólicos no início da década, retirou do vento 15 por cento da electricidade de que necessitava em 2009. Na Europa em geral, há indicadores positivos na luta contra a poluição atmosférica, na qualidade da água, no tratamento dos lixos. O consumo de recursos naturais está a aumentar a um passo menor do que o do PIB. Mas, ainda assim, o ritmo de crescimento - 34 por cento entre 2000 e 2007, nos 12 estados-membros mais antigos - é considerado preocupante pela Agência Europeia do Ambiente, num relatório divulgado no final de Novembro.
A década revelou também que, nalguns casos, mesmo que uma solução efectiva tenha sido encontrada, os efeitos ainda irão sentir-se por muitos anos. As emissões de gases que destroem a camada de ozono estão controladas por acordos internacionais. Mas o "buraco" sobre os pólos continua enorme, tendo atingido uma dimensão recorde em 2006. Serão necessárias décadas para que a situação volte ao normal.
Os fracassos mais evidentes da década revelam os seus próprios porquês. Vencer o desafio das alterações climáticas e da biodiversidade - dois problemas com vastas implicações sobre o planeta - implica mudar o paradigma da sociedade. É preciso usar outras fontes de energia, rever a forma como se utiliza o solo, mexer profundamente na economia, consumir menos e melhor.
Os dados não são animadores. Seria preciso um planeta e meio para assegurar a continuidade do nível actual de consumo de recursos no mundo, segundo o índice da "pegada ecológica", da Global Footprint Network. O saldo negativo entre as necessidades e as disponibilidades tem vindo a aumentar de ano para ano. Para o futuro, os cenários não ajudam. A Agência Internacional de Energia prevê, por exemplo, que os combustíveis fósseis vão reinar soberanos pelo menos até 2030.
Não, não é fácil salvar o planeta. Depois destes dez anos, pelo menos isso já sabemos.

Sexta-feira, 10.12.10

Vai ser operado? Quem perde é o ambiente...

Anestesias gasosas poluem tanto num ano como um milhão de automóveis

As anestesias gasosas administradas em cirurgias em todo o mundo durante um ano libertam para atmosfera a quantidade de gases nocivos equivalente à emitida por um milhão de automóveis, refere um estudo hoje revelado.

O investigador da NASA Mads Andersen, citado pelo jornal espanhol El Mundo, explicou que decidiu estudar este assunto durante o parto da sua mulher.
"O anestesista disse-me que no gás é utilizado um tipo de composto de halogéneo, do mesmo género daquele que destruía a camada de ozono na década de 1980", referiu o autor do estudo, publicado no British Journal of Anesthesia.
Na investigação, Mads Anderson, em conjunto com o professor de Química da Univerisade de Copenhaga Ole John Nielsen, analisou três anestésicos: o isoflurano, desflurano e sevoflurano (administrados através de um sistema que combina estes compostos com um outro "condutor", como o oxigénio ou o óxido nítrico).
Embora a quantidade de cada um destes compostos utilizada num simples procedimento cirúrgico não seja elevada, quando se somam todas as anestesias realizadas por ano em todo o mundo, as emissões de dióxido de carbono multiplicam-se.
De acordo com o estudo, um quilograma de desflurano pode emitir para a atmosfera até 1620 kg de dióxido de carbono (CO2) numa projeção a cem anos. As emissões dos outros compostos são inferiores: 210 kg no isoflurano e 570 kg no caso do sevoflurano. Por isso, os investigadores aconselham os especialistas que, caso os resultados e efeitos secundários da cirurgia sejam os mesmos, optem pela anestesia que menos contamine o exterior.
Apesar destes dados, a contribuição das anestesias para o aquecimento global é muito reduzida (cerca de 0,02 % do total).
"Trata-se apenas de escolher o anestésico que mais respeita o ambiente", defende o estudo [que pode ser baixado, na íntegra e em língua inglesa, aqui].


Em tempo: embora o texto transcrito acima - naturalmente sem as hiperligações, que são da nossa autoria - tenha sido o primeiro editado em língua portuguesa e publicado no passado dia 6, citando o jornal espanhol El Mundo desse mesmo dia (cópias mais ou menos idênticas foram publicadas em diversos outros media nacionais até hoje, 10 de dezembro de 2010, no i-online e "assinado" (?!) por Maria Catarina Nunes), o texto original foi pela primeira vez publicado on-line a 4 de novembro último no site do Dep. de Química da Universidade de Copenhaga, a partir do estudo "Inhalation anaesthetics and climate change", publicado a 6 de outubro.

Como se pode ver, a hyper-informação é rápida... mas não tanto.

publicado por p3es às 08:56 link do post | comentar | favorito
Quarta-feira, 08.12.10

Rolhinhas

Pela mão do Projeto 3E's a Escola Básica de Paços de Ferreira passou, oficialmente, a integrar a rede de recolha de cortiça usada, no Projeto "Green Cork na Escola II". Assim, logo que possível, serão disponibilizados "rolhinhas" na Escola, nomeadamente no Ecocentro que irá ser construído em breve, para a sua recolha e posterior encaminhamento adequado.

 

O projeto Green Cork «é um Programa de Reciclagem de Rolhas de Cortiça desenvolvido pela Quercus, em parceria com a Corticeira Amorim, a Modelo/Continente e a Biological. Tem como objectivo não só a transformação das rolhas usadas noutros produtos, mas, também, com o seu esforço de reciclagem, permitir o financiamento de parte do Programa “CRIAR BOSQUES, CONSERVAR A BIODIVERSIDADE”, que utilizará exclusivamente árvores que constituem a nossa floresta autóctone, entre os quais o Sobreiro, Quercus suber.» (in http://greencork.wordpress.com/2009/04/24/hello-world/).

Terça-feira, 07.12.10

Contra o aumento de preços...

... poupar, poupar!

 

Uma forma de economizar dinheiro - ou o planeta, dependendo da ótica utilizada - é poupando energia. Ou usá-la de forma racional, o que coverge para o mesmo.

Então agora, que o friozinho já aperta e que os preços das várias formas de energia aumentam - e vão aumentar mais! -, há todas as razões e mais uma para o fazer.

Aqui poderão encontrar diversas dicas para isso - e sobretudo a explicação dos respetivos porquês.

Não custa tentar...

publicado por p3es às 10:53 link do post | comentar | favorito
Sábado, 04.12.10

Embalagens Tetra Pak®: recicláveis ou nem por isso?

Ainda hoje muita gente tem dúvidas onde colocar as embalagens usadas dos famosos “tijolos” que a Tetra Pak® lançou há mais de meio século atrás: no contentor azul, destinado às embalagens de cartão? Ou no amarelo, das embalagens de plástico e metal?

Na realidade, e de acordo com o seu fabricante, as embalagens Tetra Pak® consistem, em média, em:

  • 73 % de papelão produzido a partir de madeira das florestas do norte da Europa - sendo assim um material reciclável;
  • 20 a 23 % de polietileno (derivado do petróleo), que garante a selagem e age como uma ‘cola’ entre os diferentes materiais;
  • 4 ou5 % de alumínio (bauxita), que constitui a barreira para o ar, os odores e a luz.

Com efeito, quando se iniciou a recolha destas embalagens no nosso país, existiram divergências quanto ao contentor mais adequado para a sua deposição, variando até a sua recolha de município para município. Mas após análise da situação, a Sociedade Ponto Verde e o Ministério do Ambiente optaram pela uniformização das sinaléticas a nível nacional e pela solução do contentor amarelo, tal como acontece na maior parte dos países europeus. Ao serem ali colocadas, as embalagens Tetra Pak® passam por uma triagem mais elaborada, sendo separadas do plástico e do metal em fardos específicos que depois são encaminhados para reciclagem. E, para reforçar a ideia, nos dois últimos anos a filial portuguesa da multinacional sueca (mas agora sedada na Suíça) lançou a campanha "Sim, é no amarelo!"

Mas as embalagens Tetra Pak® são mesmo 100 % recicláveis? Como é possível separar o papelão do polietileno e este do alumínio? Aqui está a grande questão, à qual a empresa responde afirmativamente.

 

Cada embalagem pesa, em média, 27 g (contra cerca de 450 g de uma garrafa de vidro), com 5,7 g de plástico e 1,3 g de alumínio. Ora no passado ano de 2009 foram produzidos 145 mil milhões de unidades, dos quais cerca de 27 mil milhões foram recicladas – ou seja menos de 20 %. O resto foi depositado em aterros, lixeiras ou incinerado.

 

Mas… mesmo esses 20 %? Como foram reciclados?

 

Segundo a Tetra Pak®,  há vários anos que trabalham para desenvolver uma forma eficiente para uma reciclagem em grande escala das embalagens. Por exemplo: apenas mergulhando e agitando os pacotes num grande recipiente de água fria é o suficiente para que o papelão se separe do polietileno e do alumínio; a pasta obtida é utilizada para a fabricação de vários produtos, tais como toalhas, caixas de ovos, sacos ou papel higiénico.

 

Mas o alumínio e o PE? A sua separação e reciclagem são bem mais complicadas e a informação disponível on-line não é nem muito clara nem objetiva quanto a esse ponto. Mas algumas hipóteses são colocadas, passando sempre pela trituração do composto:

  • o material é aquecido, exturdido e injetado em moldes, sendo usado para produzir peças diversas tais como cabos de pás, vassouras, mesas e cadeiras de jardim;
  • o material é prensado a quente, transformando-se numa chapa semelhante ao compensado de madeira e que pode ser usada na fabricação de divisórias, móveis, pequenas peças decorativas e telhas, materiais com grande aplicação na indústria da construção civil;
  • outra tecnologia, desenvolvida localmente no Brasil, trabalha com o processamento do composto num forno de plasma, onde a mistura é aquecida a altíssimas temperaturas numa atmosfera sem oxigénio para  preservação da qualidade do alumínio. Neste processo, as moléculas de plástico partem-se, transformando-o em parafina, enquanto o alumínio se funde e é arrefecido em lingotes de metal puro;
  • uma variante do processo acima consiste no aquecimento da mistura a tal temperatura que o plástico se evapora, enquanto o alumínio é recuperado intacto. Este processo não é propriamente de reciclagem uma vez que o plástico constitui o combustível necessário à fusão do alumínio.

Portanto, se o alumínio consegue ser recuperado, o mesmo já não se passa com o polietileno. Ademais, apesar amplamente utilizados em bens de consumo, não são materiais ecologicamente corretos: para além do seu potencial futuro como lixo, são produzidos por processos particularmente poluentes e perigosos, como mostrou o recente desastre ecológico das lamas vermelhas na Hungria, além de fortemente consumidores de energia – são consumidos 15 GWh de eletricidade para produzir 1000 ton de alumínio, o que significa que o alumínio usado nas embalagens produzidas pela Tetra Pak® em 2009 consumiu cerca de 3 milhares de GWh: aproximadamente o consumo elétrico mensal de Portugal.

Se a Tetra Pak® diz que todos os materiais utilizados na composição das suas embalagens podem ser reciclados, é evidente que os processos ainda não estão suficientemente maduros e ainda levantam muitas questões. Além de que os processos atualmente em uso são energeticamente muito pouco eficientes e alguns deles – o da queima do polietileno – resultar na emissão de gases tóxicos para a atmosfera.


A melhor embalagem para o meio ambiente é, sem dúvida, aquela que é produzida em quantidades razoáveis e é reutilizável indefinidamente, sem necessitar de ser reciclada; todos os produtos de uso único e, portanto, descartáveis, são um absurdo em ecologia.  Apenas o vidro pode ser indicado para cumprir este imperativo. Afinal mesmo que haja necessidade de o reciclar – e Portugal foi um dos primeiros países a introduzir os vidrões, reciclando atualmente cerca de 43 % das embalagens produzidas – o processo é simples e energetica e economicamente barato.

 

Fontes:

http://www.simenoamarelo.pt/1/porque-amarelo.htm

http://www.notre-planete.info/actualites/actu_2591.php, 17 de novembro, 2010, 14 h 37

http://www.tetrapak.com/pt/meio_ambiente/recolha_e_reciclagem/Pages/Reciclagem.aspx

http://www.tetrapak.com/fr/tetra_pak_france/qui_sommes_nous/espace_presse/communique_presse/Pages/chiffres_2009.aspx

Sexta-feira, 03.12.10

2010 será um dos três anos mais quentes desde 1850

De acordo com um texto assinado por Ricardo Garcia em linha desde ontem no Ecosfera do jornal Público, «Pode parecer brincadeira dizê-lo agora, em pleno frio, mas 2010 ficará entre os três anos mais quentes desde 1850, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Numa antecipação do seu relatório anual sobre o estado do clima, a OMM diz que o período entre Janeiro e Outubro deste ano foi o mais quente desde que se começaram a fazer medições fiáveis por termómetros, há 160 anos. A temperatura global está 0,55 graus Celsius acima da média de 1961-1990, para os mesmos dez meses, ultrapassando os valores de 1998 e 2005, os anos mais quentes desde 1850.
Embora os dados de Novembro e Dezembro ainda não estejam contabilizados, dados preliminares indicam que os termómetros globais estiveram, no mês passado, aos níveis de 2005. Dezembro será crucial para determinar se 2010 ficará ou não na primeira posição entre os anos de maior temperatura média.
Defensores da tese que nega a existência de um aquecimento global causado pelo homem costumam apontar, como argumento, a redução e relativa estabilização da temperatura média global desde o pico de 1998. Mas a OMM diz que, em média, a década 2001-2010 será a mais quente do que qualquer outra desde 1850.
Os dados foram hoje apresentados em Cancún, México, onde cerca de 190 países discutem novos passos internacionais para conter as alterações climáticas.
“A tendência é de um aquecimento muito significativo”, disse o director da WMO, Michel Jarraud, numa conferência de imprensa, citado pela agência Reuters. “Estes são os factos. Se nada for feito, [as temperaturas] vão subir mais e mais”, completou.
Embora a Europa esteja a tiritar sob temperaturas baixas este mês, isto não significa que Dezembro venha a ser mais frio do que a média, a nível global. Segundo Michel Jarraud, as condições locais não são suficientes para indicar as tendências globais. “Há uma significativa possibilidade de que 2010 seja o ano mais quente”, afirmou.
Segundo a OMM, o aquecimento da última década sentiu-se particularmente em África e em partes da Ásia e do Árctico. Em relação a 2010, os termómetros subiram mais, em média, no Canadá e Gronelândia e na faixa que vai do Norte de África até ao sul da Ásia.
Em algumas partes do mundo, o ano foi mais frio do que o normal, incluindo países do Norte da Europa, como o Reino Unido, Alemanha, França e Noruega. O relatório menciona, também, o Inverno chuvoso no Sul da Europa, incluindo em Portugal.
Em contraste, a OMM regista as ondas de calor na Rússia e em outras regiões e uma grave seca na bacia do Amazonas. Fortes monções em alguns países asiáticos e chuvas severas na Indonésia e na Austrália são também apontados como eventos extremos meteorológicos relevantes em 2010.
O relatório final da OMM deverá ser publicado em Março de 2011.»

publicado por p3es às 10:39 link do post | comentar | favorito
Quarta-feira, 24.11.10

Poluição do ar pode levar Portugal ao Tribunal de Justiça Europeu

De acordo com um texto de hoje inserido na Ecosfera do jornal Público on-line «Portugal não está a combater de forma eficaz as emissões das partículas em suspensão lançadas pela indústria, trânsito e aquecimento doméstico, revela a Comissão Europeia que quer levar o país ao Tribunal de Justiça Europeu.

Os Estados membros devem limitar a exposição dos cidadãos às micropartículas conhecidas como PM10 e, para isso, há valores-limite fixados por uma directiva de 2008. Assim, não devem ser excedidos mais de 35 vezes uma concentração diária de 50 microgramas por metro cúbico e a concentração média anual não deverá ultrapassar os 40 microgramas por metro cúbico.
As PM10 “podem causar asma, problemas cardiovasculares, cancro do pulmão e morte prematura”, lembra a Comissão Europeia. Em Março de 2009, um estudo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) concluiu que o aumento súbito de pequenas partículas poluentes na atmosfera contribui para elevar o risco relativo de morte.
Segundo a Comissão Europeia, numa nota divulgada hoje, “os valores-limite para as PM10 não foram respeitados em diversas zonas” de Portugal. Mas não só. Também o Chipre, Espanha e Itália receberam iguais chamadas de atenção.
Portugal terá solicitado uma prorrogação do prazo de cumprimento, que seria 2005. No entanto, a Comissão “considera que as condições para conceder tais prorrogações não foram preenchidas relativamente a diversas zonas em que as normas de qualidade do ar não foram cumpridas”.
Sob recomendação do comissário responsável pelo ambiente, Janez Potočnik, “a Comissão decidiu, por conseguinte, intentar uma acção junto do Tribunal contra Portugal, Chipre, Itália e Espanha”.
Agora, o Estado português deverá receber uma nota da Comissão Europeia, declarando que o processo foi enviado para o Tribunal de Justiça Europeu. Depois, "Portugal ainda terá uma oportunidade de clarificar a situação junto do Tribunal", disse hoje fonte do gabinete de imprensa do Ministério do Ambiente ao PÚBLICO.
O ministério da Rua do Século salientou ainda que se tem assistido a uma "evolução positiva" em relação às partículas PM10, "com diminuição no número de estações em excedência, bem como o número de excedências nas estações, o que se deve também às medidas que têm vindo a ser implementadas, designadamente de melhoria de tecnologia dos veículos e de protecção ambiental e medidas de gestão concelhia".
Este é um processo que já dura há quase dois anos. Em Janeiro de 2009, Bruxelas abriu processos de infracção contra Portugal e outros nove países, na sequência da entrada em vigor, em Junho de 2008, da directiva comunitária referente às partículas PM10. Na altura, a Comissão Europeia sublinhava que as PM10 “afectam 83 milhões de pessoas em 132 zonas diferentes de qualidade do ar”.
Em Setembro do ano passado, foram aprovados os programas de execução dos dois planos de melhoria da qualidade do ar para as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e para o Norte, aprovados pelo Governo em 2008. Mas, ouvida pelo PÚBLICO na semana passada, a associação ambientalista Quercus denuncia que esses planos "não saíram do papel" ou "tardam em ser implementados".
A 18 de Março deste ano, Bruxelas enviou uma última advertência escrita a Portugal por incumprimento das normas.»

publicado por p3es às 17:59 link do post | comentar | favorito

mais sobre mim

pesquisar

 

Agosto 2011

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

últ. comentários

mais comentados

links

blogs SAPO


Universidade de Aveiro