A mentalidade cristalizada - ou - para trás é que é o caminho (2)
Comerciantes contestam ciclovia da Pasteleira por temerem perda de clientes
O executivo da Câmara do Porto aprovou, ontem, com a abstenção da oposição, a construção de uma ciclovia entre o Parque da Pasteleira e o Parque da Cidade. Apesar de só ontem ter sido aprovada, a obra está a decorrer e já é alvo de contestação.
Na Rua de João de Barros, perto do Parque da Pasteleira, os comerciantes já estão a preparar uma carta, "para enviar à câmara dentro de dois dias", na qual pedem "atenção para o comércio tradicional". Sérgio Azevedo, membro e porta-voz do grupo, acredita que o apelo vai ser ouvido porque "o presidente da câmara tem mostrado que gosta do comércio tradicional". "O presidente não deve ter noção do comércio que está aqui, senão nem fazia isto assim", perspectiva Sérgio Azevedo, acrescentando que quando a intervenção começou "ninguém sabia de nada".
A principal queixa dos lojistas é a perda do estacionamento, que, apesar de proibido, se faz junto ao separador central da via. "Mesmo sendo proibido, as pessoas estacionam aqui, mas uma ciclovia intimida mais e as pessoas vão deixar de parar ali o carro", argumenta Sérgio Azevedo, que já prevê a perda de clientes. "Isto vai tornar-se um deserto", lamenta. "Vai passar aqui uma bicicleta a cada cinco dias", atira Sérgio Azevedo, argumentando que "o culto da bicicleta nem existe e a ciclovia não faz sentido".
Apesar de concordar com a construção da ciclovia, o PS absteve-se na votação de ontem na câmara, por discordar do facto de a obra estar a ser feita pela empresa Águas do Porto. O mesmo motivo levou ainda à abstenção da CDU. A justificação do vereador do Ambiente, Álvaro Castello-Branco, de que os trabalhos foram entregues à Águas do Porto por, em alguns troços, envolver a ribeira da Granja, não convence a oposição. "Na Alameda do Fluvial a ribeira está a muitos metros de profundidade", diz Rui Sá.
O vereador criticou ainda o modelo utilizado para a construção da ciclovia, enquanto Palmira Macedo, do PS, não deixou passar em branco o timing utilizado pela câmara para construir esta ligação. "Nós não teríamos deixado a construção da ciclovia para os últimos dias do mandato", ironizou.